Gostava tanto dela,
do seu jeito desanuviado,
dos seus pés de beija-flor
saltitando no chão quente,
nas nuvens do pensamento,
nos assovios do vento,
nos silvos dos passarinhos.
Era uma formosura,
flor fina, fina flor
de toda alvura,
de toda alvorada,
que padece dentro da gente
de tanto amor que o peito não dá conta.
Rezava para que o tempo
não mexesse com ela,
deixasse ela assim,
sem medo da vida,
achando graça no amanhecer,
na sua delicadeza de garça
sob a via láctea nas noites escuras do sertão,
seguindo trilha de formiga
com os pés desatados,
com as mãos de dedos-pensamentos,
cavando mundos outros
que a poesia esconde aos olhos
desavisados da beleza.
Desse sertão,
era ela a fina flor que germinava em meu coração,
mesmo sem chuva,
sua graça miúda de joaninha
fazia tudo florescer
dentro e fora dos meus assombros e sossegos.
By Ivan Santtana
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